sexta-feira, 30 de março de 2012
Maldade x Doçura
Ela era paranóica. Ela era má. Ela era fria. Ela era louca. Ela não merecia perdão. Ela vivia dentro de mim, não nego. Cada dia que se passava eu a alimentava mais de ódio, de rancor, de maldade. Com isso, ela se tornava cada vez mais forte. Ela me cegava. Ela me fazia acreditar que podia-se ser feliz vendo as lágrimas dos outros. Ela era cruel. Por alguns meses, ela me fez sentir essa crueldade correndo pelas minhas veias junto com meu sangue. Meu sangue, que um dia fora tão bom! Eu me sentia tão vulnerável e fraca, que apenas deixei o mal encarnar dentro de mim, com ela dominando minhas ações, meus sentimentos. Me tornei má como ela. Eu, que um dia fora tão doce e tão meiga! Eu, que me dizia ser tão boa e digna de coisas boas. Ela me fez plantar más sementes. Mas não era qualquer forma de mal. Essas sementes estavam envenenadas, espalhavam veneno por toda a terra fértil que as acolhera. E eu apenas gargalhava, inocente demais para perceber que aquela não era eu. Que aquilo nunca faria parte de mim. Me disseram um dia, que o que não me faz bem não sai de mim. Mas como eu poderia me lembrar daquelas palavras? Eu estava fora de mim. Aquela jamais foi eu! Era ela, a maldade dominando o meu corpo. Eu não reconheço o que fiz. Uma vaga lembrança me diz que não foi apenas minha imaginação. Aquela realmente era eu, a garota doce e meiga que se transformara num ser cruel e sem coração. Sem piedade. Sem misericórdia. Sem amor. E levou agum tempo até que eu percebesse que deveria mandá-la embora de dentro de mim. Que minha mente jamais se adaptaria aquele estilo novo e falso de vida. Os sorrisos de deboche que se formavam em meus lábios, jamais seriam tão verdadeiros quanto os sorrisos que se formavam quando eu me sentia boa o suficiente para fazer uma criança sorrir. Mas reuni as últimas forças que tinha e a expulsei. Ela se foi. O meu eu mal. E então, o meu eu doce e meigo voltou, mais forte que nunca. E ele está aqui. Não vejo sequer a presença de que a maldade me ronda, tentando me penetrar no meu momento de fraqueza. Sim, continuo fraca e vulnerável. Sempre irei precisar de uma mão para me ajudar - e não é uma mão qualquer. Mas estou aqui, boa, meiga, doce, gentil e de volta. Ainda consigo me assemelhar a ti, que é boa, meiga, doce e gentil em dobro. Sinto muito não ter procurado o meu oráculo supremo, para que ele podesse me dizer que o mal nunca faria parte de mim. Eu tive muito medo de encarar o meu destino. Mas o que vem a ser o medo? O único medo que sinto é fazer das tripas coração por algo que não precisa de mais um orgão para bombear o sangue. Mas sei que é um medo estúpido. Porque tenho confiança no que eu sou de verdade e que é apenas uma questão de tempo. Sei que água mole em pedra dura, de tanto bater, uma hora fura. É nisso que deposito toda a minha esperança. Mas também tenho uma arma. Sou feita de sonhos, lembra? E por que não ter a lembrança desses sonhos? Me lembro de cada pedacinho de mim que era inteiro e o quanto cada pedacinho de mim valia a pena. Valia para ti, apenas. Mas é em ti que eu encontro a minha força, a minha vontade de seguir em frente. És o meu raio de sol da manhã. É por ti que saio porta à fora todos os dias para mais uma aventura. E o meu eu de verdade - o doce e meigo - ah, ele não vai mais sair daqui. Ele pertence a mim e ele pertence a ti. Ele faz moradia em mim.
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