Eu me sentia vazia, oca. Não via mais beleza pelo vidro da minha janela. Depois que todos queles meus tesouros morreram, principalmente Esperança, eu sentia como se nunca fosse conseguir ser feliz novamente.
Um belo dia, eu acordei pela manhã e vi uma rosa apoiada no batente da janela. Com o coração batendo irregular, fui até lá e peguei a rosa e um bilhete que havia junto a ela: "Esta é Ternura, algo que a muito tempo vêm sido perdido. Guarde-a com cuidado, Princesa." Não estava assinado. Dei de ombros e coloquei Ternura num copo com água.
No outro dia, havia outra rosa na janela com um outro bilhete. "Esta aqui, eu chamo de Compreensão. É para a Princesa compreender que não está mais sozinha." Sorri um pouco, mas logo o sorriso morreu em meus lábios. Havia muito mais coisas faltando. Suspirei e coloquei Compreensão junto à Ternura.
Os dias se passaram e sempre havia uma rosa nova e um bilhete à minha espera. Recuperei Carinho, Alegria e Amizade, além de ganhar algumas que se nomeavam Companheirismo, Vitória e Paz. A rosa de hoje se chamava Vida. "Percebi que a Princesa havia deixado de possuir cor nos olhos, então resolvi presenteá-la." Feliz, eu me deitei e fechei os olhos, depois de espiar as minhas lindas rosas que aproveitavam os últimos raios de sol. Eu queria saber quem era aquele que tanto me presenteava com coisas simples e tão belas, mas não havia nem sequer uma pista de quem era.
Acordei no meio da noite com um movimento perto da janela. Assustada, me sentei e observei uma forma escura adentrar o quarto. Ele era alto, encorpado, os cabelos caiam sob os olhos brilhantes. Havia um sorriso calmo em seus lábios, enquanto ele aguardava minha reação.
- Quem é você? - perguntei.
- Eu? - seus olhos estavam penetrantes - Minha Princesa, eu sou seu Anjo.
Princesa.
Era ele. Era ele quem me dava todas aquelas rosas.
Percebi um movimento em suas costas, foi então que vi as asas. Eram grandes, brancas e mescladas de lilás.
- Foi você quem em deu todas as rosas, então?
Ele não respondeu, apenas deu um passo para trás e juntou as mãos. Como magia, surgiram entre elas, suas rosas. Uma era de um branco lindo, quase o mesmo da lua que brilhava no céu estrelado. A outra, era vermelha, como sangue. Eram mais bonitas que todas as outras rosas que eu já havia visto.
- Esta aqui, Princesa - disse ele, me estendendo a rosa branca - É Esperança, a penúltima que faltava. Pude sentir que precisavas dela quando a vi pela primeira vez.
Meus olhos se encheram de lágrimas quando peguei Esperança. Eu sentira muita falta dela.
- E está aqui - disse ele, com a rosa vermelha nas mãos - É o nosso Amor. Entre todas as rosas, é a mais especial. Ela vive para sempre.
Então eu finalmente deixei as lágrimas escorrerem. Eu estava emocionada, como nunca estivera antes.
Ele me puxou para seus braços e enxugou minhas lágrimas em sua camisa fina branca.
- Não chores mais, Princesa. Eu estou aqui agora, para te proteger e te livrar de tudo que possa te fazer mal. Sou teu anjo e meu dever é te proteger.
E me beijou. Entre lágrimas e sorrisos, beijos e abraços, eu pude sentir que eu tinha Ternura, Compreensão, Carinho, Alegria, Amizade, Companheirismo, Vitória, Paz, Esperança e Amor. Muito Amor.
Tinha tudo, me sentia completa novamente.
Meu Anjo.
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