Andorinhar
terça-feira, 19 de março de 2013
Rabugenta Solidão
De novo me encontro num estado já muito ausente, mas bem conhecido por mim. Afinal, 18 anos vivendo esta mesma situação em momentos aleatórios a torna quase uma velha amiga. Escrevo porque tenho necessidade de me expressar e mostrar ao mundo um lado meu que a timidez me impede de realizar diretamente. Escrevo também, porque penso demais e numa determinada hora, preciso colocar estes pensamentos para fora, para então me organizar. Escrevo porque o papel e a caneta são meus melhores amigos, já que a solidão e a ausência real aumentam tanto minha carência.
Solidão e carência. Chegamos ao ponto-chave deste texto. Meu coração anda tão apertado e sufocado, sinto necessidade de resolver uma parte da minha vida que permanece intocada: a afetiva. Na verdade, nem sei se ela existe. Por Deus, tenho meus amigos, quem eu tanto estimo! Tenho também meu pai, meu amigo e companheiro! Mas meus amigos um dia terão suas próprias vidas ( e aliás, muitos já estão tendo). Eles terão suas famílias, seus filhos, seus empregos e essa amizade sempre companheira será deixada de lado. Meu querido e amado pai um dia ficará velho e irá partir para um mundo melhor, onde eu me sentirei ainda mais solitária, enquanto espero pelo nosso reencontro.
Desde muito nova, fui deixada sozinha por aqueles a quem eu amava. Sempre temi a solidão e é por isso que costumo ser tão sozinha. Apesar disso, acredito que não seja parte da minha cruz viver sempre solitária. "Onde está meu amor, quem será com quem se parece...?" Será que esse amor realmente existe? Será que não estou destinada a viver sozinha pelo restante da minha vida? E meus sonhos de construir uma família, de ter um marido e dois filhos? Quem vou educar, ensina a gostar de livros, levar à escola? Com quem irei ao clube nos fins de semana de sol? Quem irei fotografar para fazer um painel de recordações ma parede da sala?
Sou um fracasso com relação à minha vida afetiva (a garotos, por assim dizer). Não sei do dia de amanhã não sei quais são os planos de Deus para mim. Só sei que sinto medo das minhas limitações jamais me deixarem ir adiante e como consequência, minha vida ser destinada à solidão. E eu bem sei que é provável, já que há em mim uma barreira presente desde o dia em que nasci. Se tentei mudar? É claro que sim. Tudo o que faço na vida são tentativas sem sucesso de ser alguém natural, extrovertida e sem medo de arriscar. Afinal, me sinto velha demais para aventuras. Quando era tempo de arriscar, eu estava ocupada demais vivendo minha infância que durou muito tempo. E agora que a infância se foi, me sinto velha e indisposta demais para viver minha juventude.
Em busca de uma reflexão interior, sei que devo dar tempo ao tempo sem me deixar abalar pelos meus temores. Infelizmente, se eu não tivesse medos, não teria coragem. E é por isso que entregarei nas mãos de Deus.
terça-feira, 12 de março de 2013
William Shakespeare: O Menestrel
Você aprende, Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não dá a você o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não para para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida. Nossas dádivas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.
terça-feira, 5 de março de 2013
A Fada e o Lobo - Parte III (Final)
O sol estava quase se pondo no horizonte, quando terminei de
cumprir minhas tarefas. Seus raios mesclavam-se com o céu, gerando uma luz
lilás que envolvia as nuvens e eram refletidas no Grande Lago de águas
cristalinas. Voei acompanhando os raios lilás, com as borboletas dançando ao
meu redor. Uma delas pousou em meu dedo, fazendo cócegas em minha pele.
- Que belo dia foi este, flor dançante - falei, num sorriso
- Tenho certeza que a noite chegará linda e cheia de estrelas.
A borboleta abriu e fechou as asas, voando em seguida,
acompanhando suas irmãs no último voo do pôr do sol. Continuei voando, até me
aproximar da floresta. Esta noite eu tinha uma missão, escolhida por mim.
Voltei ao solo, recolhendo minhas asas. Ouvi um pio, minha
fiel companheira estava há poucos metros de mim, em cima de um galho. Observei
os olhos daquela coruja, que me diziam "vá em frente!"
- Tens razão, querida amiga. Hoje eu vou descobrir o
mistério daquele lobo.
Outro pio. É, irei em frente, sem medo.
Adentrei a floresta de árvores enormes e fortes, que
aproveitavam os últimos raios solares do dia. Havia pequenos coelhos, lebres e
cordeiros indo para suas tocas e esconderijos. Acariciei uma rosa vermelha que
se fechava para o frio da noite. Sorri, com ternura. Como a natureza é perfeita
e bela!
Foi mais ou menos neste mesmo lugar que encontrei o lobo das
outras vezes. Com cuidado, voei até o topo de uma árvore, onde me escondi para
esperar o belo animal aparecer. Observei atentamente, entre o emaranhado de
folhas e galhos, até que encontrei aquele misterioso brilho, que já me parecia
familiar. O lobo caminhava calma e majestosamente, exibindo todo seu esplendor.
O vento soprou uma brisa leve, bagunçando seu pelo prateado e eu pude jurar que
vi centelhas de luz prateada, bagunçadas pela brisa, voarem e grudarem nas
árvores, desaparecendo segundos depois.
Fiquei hipnotizada, novamente, com tanta magia que aquele
animal realizava, quase inconscientemente. Eu possuía alguma magia, mas era
vital, curadora... Era assim que eu realizava o auxílio aos animais feridos e
revigorava a força das árvores. Mas aquele lobo... Eu sentia minhas asas
vibrarem na presença de tamanho poder e tamanha energia, tão puros e simples.
Não era um animal comum, repito. E eu estava prestes a descobrir o que era de
verdade.
O lobo uivou, depois, caminhou com passos calmos até a parte
da floresta onde as árvores eram mais densas e mais unidas. Eu o segui. Ao
longo do percurso, encontramos uma lebre caída no chão, à beira da morte. Imediatamente,
eu quis ajudar o pobre animalzinho que sofria convulsões no meio das raízes de
um grande salgueiro, mas contive, resolvendo aguardar o lobo se afastar. De
repente, o Lobo se aproximou da lebre e inacreditavelmente, fungou-lhe a face.
O pequeno animal suspirou e as convulsões pararam. Acreditei que estava morto,
que aquele estranho lobo havia terminado de matar um pobre animal para saciar
sua fome, sua ganância. Me revoltei, acabando com toda a admiração que tinha
por aquele animal. Então, antes que eu fizesse qualquer coisa, a pobre lebre
levantou a pequena cabeça, esforçando-se para erguer o restante do pequeno
corpo. Percebi então, que o lobo não a matara, mas a tinha curado, como eu tive
a intenção de fazer. Céus, perdoem meu julgamento e minha intolerância!
Assim como a admiração havia me fugido, depois daquele
magnífico feito, ela voltara ainda mais forte.
Repentinamente, o lobo virou a cabeça na minha direção, como
se soubesse que eu estava ali o tempo todo. Não sei como aconteceu, mas senti seus
olhos enxergando dentro de mim, absorvendo tudo sobre a minha presença. Sem
muita consciência do que estava fazendo, desci da árvore, enquanto o lobo ainda
me observava atentamente. Não me aproximei, manti uma distância segura entre
nós. Apesar de toda a admiração, aquele animal me intimidava.
O lobo, então, deu um passo na minha direção, mas me mantive
quieta, prestando atenção. Ele fechou os olhos, como quem se preparava para se concentrar
em algo muito importante. Centelhas prateadas, semelhantes àquelas que grudaram
nas árvores, saíram novamente de seu pelo, mas dessa vez formaram imagens
nítidas e que me pareceram estranhamente familiares. Fatos da minha vida como
humana passaram por aquelas imagens... O brilho do meu olhar, meu riso alegre,
os amigos que deixei para trás, minhas lágrimas de decepção, minha maldade
incontrolada e meu pedido de perdão aos Céus. Cenas de minha vida como fada
também passaram pelas imagens: meus voos saltitantes, meu riso melódico ao
conversar com os pequenos amigos, minhas curas dos animais, minha manipulação
de energia vital... Vi também vários crepúsculos onde eu me escondia e
observava este mesmo lobo, que me mostrava que há muito tempo também me
observava.
O incrível animal abriu os olhos, me libertando do transe. Com
lágrimas nos olhos, e sem pensar, corri até ele o abracei, quase afundando o
rosto em seus pelos prateados.
Como se ainda fosse possível algo mais mágico acontecer,
ouvi uma voz grave e bonita na minha cabeça:
- Eu sabia que viria atrás de mim, pequena fada. Eu conheço
a tua história, sei do teu valor.
Me afastei alguns centímetros do animal e o fitei,
imensamente impressionada:
- Como fazes isso? - murmurei, tocando o focinho dele com
uma das mãos. Ele fechou os olhos - Quem és tu?
O lobo deu um passo para trás e uma névoa se formou ao seu
redor. Num piscar de olhos, toda a névoa desapareceu, junto com o animal, dando
lugar a um homem alto, de cabelos castanhos na altura do pescoço, com
brilhantes olhos azuis.
- Meu nome é Aron - disse o homem - Sou o príncipe dos
Elfos. Tenho uma missão para contigo, assim como tu tens uma missão para
comigo. Há um fio invisível que nos une e nós temos de terminar o que foi
começado há milênios atrás. Há uma missão para cumprirmos juntos.
Eu mal havia entendido o que aquele elfo de nome Aron havia
dito, mas eu estava feliz por finalmente ter descoberto que aquele lobo era
mais que um animal e que havia essa estranha ligação entre nós. Se eu estava
sonhando, eu não sabia, mas me sentia fascinada com tudo que havia acontecido,
com tudo que meus olhos haviam visto. Que missão seria essa? Eu não fazia ideia,
mas iria cumprir, se fosse a vontade dos Céus.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
A Fada e o Lobo - Parte II
Aqui estou novamente caminhando pelo campo esverdeado. Ouço música suavemente tocando em algum lugar distante, o cantarolar calmo dos meus lábios acompanha a melodia já conhecida por mim. O sol se punha na linha do horizonte, como daquela vez em que encontrei aquele lobo fascinante. Meu reflexo na água cristalina era singelo, o brilho suave dos meus olhos ainda estava presente ali. Sorri ao meu recordar da felicidade que me envolveu quando vi meus olhos iluminados naquele entardecer. O brilho que tanto ausente se fez, já que lhe dei veneno para que dormisse por muito tempo. O inferno já não vive em mim. Como prêmio da minha luta, desfruto das minhas asas. Fecho os olhos e rodopio, as lembranças vão embora! É como se esse brilho se juntasse à minha pureza e formassem um laço inabalável, que me desse força. É a luz que espanta a escuridão.
Continuo meu caminho, observando os tipos de beleza ao meu
redor, sempre auxiliando meus pequenos amigos e sorrindo para às árvores. Tanta
calma me invade. É como se a paz da natureza me envolvesse e me dissesse:
"Vá em frente, fada! Hora de ser feliz!". E realmente, minha hora
chegara. Depois de tanto espalhar amor com minha pureza, me deram a dádiva de
ser finalmente ser feliz por alguns instantes.
- Veja como ela está feliz - ouvi os ventos sussurrarem,
enquanto eu continuava minha caminhada. Sorri, como se isso fosse um elogio.
Estou sozinha, mas fui eu quem escolheu assim. Borboletas,
pássaros e joaninhas deixei para trás, mas voltarei logo. Às vezes a solidão se
faz necessária, tenho necessidade de pensamentos e compreensão. Estou na fase
em que sinto um imenso carinho por todos, mas as asas dos animais são fracas
para compreender que eu preciso ir além e encontrar o lobo majestoso que se
esconde no emaranhado de folhas e galhos da floresta. Não é um lobo qualquer,
há algo diferente brilhando nos pelos acinzentados desse animal e esse brilho
me faz querer desvendar o mistério, e me manter cada vez mais perto.
Uma última olhada no reflexo dos meus olhos no lago, eles
são a confirmação de que estou no caminho certo. Um passo em direção à
floresta, a coruja pousa em meu ombro e pia. Observo a sabedoria de seus olhos
e mais vontade tenho de continuar minha caminhada. Sorrio para agradecer e a
coruja voa lentamente ao meu lado, acompanhando meus passos lerdos até a
entrada da floresta. Mais um pio, para me dizer que ela estaria por perto.
Estranhamente, eu gostava mais de caminhar do que de voar...
Nunca gostei de chamar muita atenção, e eu buscava sempre estar ao redor de uma
árvore, quando não estava às margens do lago.
Enfim, cheguei perto da floresta, com seu cheiro de
natureza. Os pequenos animais estavam indo para suas tocas, enquanto a noite
caia e as estrelas se ascendiam no céu acima de mim. Caminhei, procurando algum
sinal que me alertasse sobre a estrada a se seguir. Resolvi esperar, ao invés
de adentrar naquela escuridão debaixo das muitas árvores. Alguns minutos
bastaram para me fazer respirar o cheiro familiar e correr para me esconder
atrás de uma árvore. O lobo, distraído e majestoso caminhava entre as árvores,
com a atmosfera tão leve que me fazia acreditar que não era um animal, mas sim
algo celestial. Senti vontade de me aproximar, mas não conseguia me mexer,
tamanha era minha admiração. Fechei os olhos alguns instantes, na esperança de
não me perder na magia. Mas era tarde, abri os olhos e o lobo havia
desaparecido, seguido seu caminho, me deixando desorientada com tamanho brilho.
Ouvi um pio de coruja, minha companheira me observava de um galho não muito
distante. Sim, amanhã eu poderia voltar e novamente observar o lobo, que de tão
distraído, nunca percebera que depois daquela primeira noite, observá-lo era
minha rotina de todos os dias. Isso é curioso, o lobo só percebera uma única
vez que eu o observava, foi da primeira vez que o vi. Eu esperava que amanhã eu
pudesse finalmente desvendar esse mistério por trás daquele pêlo.
Usei minhas asas para voltar mais rápido para casa e
aproveitar para dizer boa noite às estrelas. Olhei para baixo numa última
esperança de ver o lobo encantador e me surpreendi ao perceber que num monte de
pelos prateados, olhos muito azuis olhavam na direção em que minhas asas batiam
sem pressa. Ah, lobo majestoso... Sempre tão esperto e discreto, dessa vez
esqueceu de se esconder atrás de uma árvore, assim como eu, que nunca tenho
coragem de sair detrás de uma e hoje voo, a céu aberto.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
A Fada e o Lobo - Parte I
Senti os raios de sol da manhã iluminarem meu rosto e a
brisa leve acariciar meus cabelos. Com um meio sorriso, me espreguicei, sem
abrir os olhos. Lembrei-me daquele precioso dia, no qual ganhara minhas asas e
toda a escuridão saiu de dentro de mim. Eu havia passado de uma simples humana
admiradora da natureza (com muitos pecados na bagagem), para uma fada bela e
sonhadora, de asas transparentes e longos cabelos negros enfeitados com tranças
e flores. Minha missão era fazer dos meus sonhos meus principais guias na
jornada de luz. Minha missão era fazer as pessoas sorrirem, mas principalmente,
sorrir também.
Levantei-me e fui cuidar dos meus afazeres, que eram,
principalmente, cuidar das plantas e dos animais. Eu adorava os animais e a
simplicidade que eles tinham ao viver. Procurava me espelhar neles com as
minhas ações. Os animais eram meus grandes e principais amigos.
Passei pelos verdes campos, enfeitados com flores de todos
os tipos. Ao lado, ficava um enorme lago de água cristalina, com peixes
coloridos que brincavam por entre as algas. Vi o meu reflexo naquela água tão
linda e me surpreendi ao ver o quão bela eu era. Apesar de tanto tempo sendo
uma fada, eu ainda não havia me acostumado com minha beleza, com o brilho da
minha pele e o ondulado dos meus cabelos negros. Quando eu era humana, minha
pele era seca e sem brilho, meus cabelos eram encaracolados e curtos, castanhos
assim como os meus olhos. Meus olhos agora estavam diferentes, o castanho
estava mais claro, mais cor de mel... Estavam maiores, mais expressivos e
serenos. Eu mesma era serena, eu emanava paz por onde passava, vendo que os
animais todos corriam para me ver. Só havia uma coisa que faltava nos meus
olhos: o brilho que antes esteve presente quando eu era humana.
Certo dia, apaixonei-me por um humano também, um jovem rapaz
de cabelos negros e olhos esverdeados. Nós vivemos um belo romance, até que sua
paixão por mim um dia chegou ao fim. Todo aquele brilho que havia no meu olhar
desapareceu, como se eu tivesse o matado com as próprias mãos. Desde então,
jamais vi vestígio algum desse brilho no meu olhar. Tornei-me fria e má. Fui
tão cruel com as pessoas, que fui apagando a bondade que havia dentro de mim...
Até que um dia acordei, e vi um reflexo de tudo que havia feito de ruim. Me
redimi e pedi perdão aos Céus, recebendo a oportunidade de mudar meus atos e
ser uma pessoa melhor, mais do que jamais fui. Foi assim que virei fada, porque
fiz tanto bem e espalhei tanto amor para com meus semelhantes, que me
propuseram essa maravilhosa missão.
O sol estava quase se pondo no horizonte, na minha volta
para casa. Quando passei perto da floresta, vi algo deslumbrante se
movimentando calma e sorrateiramente entre as árvores. Aproximei-me um pouco.
Era um lobo, nobre e majestoso, cercado de mistério. Provavelmente estava à
procura de um alce, ou um pássaro de grande porte, para que pudesse se
alimentar. Me escondi atrás de um grande carvalho que havia perto de mim e
observei todos os movimentos daquele animal. Não sei por que eu me escondi, mas
eu estava hipnotizada. Estava deslumbrada com toda a beleza daquele lobo, não
era um animal comum... Eu já havia cuidado de vários lobos que chegavam até
mim, machucadas por conta de suas aventuras e eu tinha certeza que esse era
especial. O pelo dele era tão deslumbrante e brilhoso... Tinha certeza que era
isso que me causara tanto fascínio.
Continuei meus devaneios por minutos incontáveis, até que o
lobo olhou na minha direção e me viu escondida atrás do carvalho. Parecendo
curioso por alguns instantes, piscou e correu, indo se esconder dentro da
floresta. Pisquei também, libertando-me da admiração temporária. Sentei-me e
senti algo parecido com lágrimas escorrendo pelos meus olhos. Com a ponta dos
dedos, toquei o líquido... Corri para ver meu reflexo no lago. Eram lágrimas!
Veja só, o encanto de um lobo me fez chorar de emoção, algo que eu nem me lembrava
da última vez que fizera! Pisquei novamente, rindo feliz com a situação! Uma
coruja pousou em um galho do carvalho e piou, como se compartilhasse minha
felicidade.
- Olá, amiguinha! - eu disse, num tom feliz. - Veja só que
belo pôr do sol!
E realmente era de tirar o fôlego. A coruja piou, como se
concordasse e voou, passando a centímetros de mim e bagunçando meu reflexo no
grande lago. Quando a água voltou a se estabilizar, olhei novamente para meu
reflexo e percebi algo que fez minha felicidade aumentar ainda mais: o brilho
dos meus olhos.
Ah, lobo majestoso... Veja só o que você me causou... Devo
lhe agradecer um dia, quando eu tiver coragem de sair detrás de uma árvore. Mostre-me
um caminho para que eu desvende esse mistério, essa sua majestade incomum. Deixe-me
saber o que você é de verdade!
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
As Três Árvores
Esse trecho foi retirado do livro A História de Um Anjo (leia a resenha aqui). Boa leitura!
"Havia um bosque, em determinada região da Ásia, onde viviam felizes diversas árvores. Lá a paz e a felicidade reinavam. Até que certo dia chegou na floresta um grupo de lenhadores. Eles comentaram que necessitavam de três árvores especiais para atenderem a um último pedido que lhes havia chegado há dois dias. Os lenhadores analisaram as árvores do bosque, escolhendo, por fim, as três árvores que seriam cortadas no dia seguinte. Após a decisão, os lenhadores foram embora, enquanto as três jovens árvores choravam amargamente o triste fim que o destino lhes reservara.
Alguns minutos após, resignaram-se, pois eram árvores que tinham fé em Deus. E se o Pai assim desejava, assim seria. Consoladas pelas outras irmãs, as três resolveram fazer um pedido a Deus em suas derradeiras orações. A primeira pediu ao Pai que de sua madeira fosse confeccionado o trono para o maior rei do mundo. A segunda pediu a Deus, que de sua madeira fosse elaborada uma grande embarcação que iria conduzir o maior dos reis e suas grandes riquezas e, por fim, a terceira árvore pediu ao Criador que de sua madeira fosse construída uma grande torre que ligasse o homem a Deus.
Após realizados os pedidos, desceu do céu um anjo, enviado por Deus, que disse às três árvores: "Vossos pedidos serão atendidos, tenham fé em Deus e aguardem!" Todos na floresta festejaram, agradescendo a assistência Divina. E no dia seguinte os lenhadores foram à floresta e consumaram o plano do dia anterior. As três árvores tombaram serenas, confiantes na promessa Divina.
O tempo passou e a primeira árvore foi transformada em um cocho para a alimentação de porcos. A segunda, foi transformada em um pobre barco de pesca e a terceira, nada fizeram dela, apenas jogaram seus pedaços em uma penitenciária, para lá ser utilizada em qualquer eventualidade.
A notícia logo chegou ao bosque, onde as demais árvores se indignaram com a falsa promessa do anjo. Todas perderam a fé em Deus. Somente as três pobres árvores, que não entendiam o que estava acontecendo, mantiveram-se firmes na fé.
O tempo continuou a passar, até que um dia o cocho de alimentar porcos, que era a primeira árvore, foi comprado pelo dono de uma estalagem em Belém. Alguns meses após, José e Maria tiveram que repousar na estrebaria dessa estalagem , devido à falta de quartos. Naquela noite, nasceu o Rei dos reis e seu primeiro trono foi o cocho de alimentar porcos da estrebaria. Jesus repousou toda a noite na manjedoura que virou símbolo mundial do nascimento de Cristo. A primeira árvore, percebendo que estava sendo o primeiro trono do maior rei do mundo, rejubilou-se e agradeceu a Deus por ter-lhe atendido o pedido.
Alguns anos mais se passaram, e a segunda árvore, que foi transformada em um barco de pesca, foi comprada por Simão Pedro Barjonas, um pescador de Cafarnaum. Algum tempo depois estava ele, o Grande Rei, passeando e pregando sobre aquela embarcação. Jesus carregava consigo o seu grande tesouro: seus ensinamentos! A segunda árvore, também percebendo que seu pedido tinha sido atendido, agradeceu a Deus. Ela queria ser uma grande embarcação, para transportar um grandioso rei e suas riquezas, havia concretizado seu sonho.
Mais alguns anos depois, a terceira árvore foi retirada da carceragem por dois soldados romanos. Apreensiva, ela aguardou o desenrolar dos fatos, acreditando que sua oração seria atendida. Logo, seus pedaços foram unidos, apressadamente, em forma de cruz. Nela colocaram o melhor homem do mundo, pregando-lhe as mãos e os pés em sua madeira. Reconhecendo o filho de Deus, que os homens não souberam reconhecer, a terceira árvore, em prantos, disse: "Porque, meu Deus? Peço-te para ser uma torre que ligue o homem a Deus, e Tu me tornas o instrumento para a morte do Teu Amado Filho! Por que fizeste isto comigo?" As lágrimas da terceira árvore árvore corriam pelos ombros do Nazareno, que estava agonizando no alto da cruz, quando uma voz falou-lhe: "Minha filha, neste momento estás sendo motivo de sofrimento para Meu Amado Filho, mas no futuro tu serás, junto com ele, o grandioso símbolo que ligará todos os meus filhos a mim. O símbolo do Cristo crucificado será o maior elo de ligação entre os homens e o Criador.
Compreendendo, por fim, que também seu pedido havia sido realizado, a terceira árvore converteu suas lágrimas de dor, na mais pura oferta de alegria a Deus, por tornar-se a grande torre que ligaria, por séculos, os homens a Deus."
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Sugestão de leitura: A História de Um Anjo.
Olá, caros leitores! Hoje eu vou falar de um livro chamado A História de Um Anjo, do autor brasileiro Roger Bottini Paranhos. É um livro espírita, mas acredito que qualquer pessoa, de qualquer religião, deveria ler. O livro traz muitos ensinamentos, geralmente vindos do próprio Evangelho de Jesus Cristo. Eu brinquei, no twitter, dizendo que A História de Um Anjo iria se tornar minha nova bíblia, de tantas coisas boas que esse livro traz.
A História de Um Anjo conta a história de Gabriel, um ser de luz altamente elevada e puro de coração. O autor deixa um enigma, para que o leitor tire sua conclusão sobre Gabriel ser ou não um anjo. (Tire da cabeça essa idéia de anjos com asas macias feito plumas, deitados em nuvens, tocando harmas angelicas e etc... Isso é mitologia.) O livro conta a história de Gabriel ainda no plano espiritual, nas moradas de luz mais elevadas e algumas passagens nas moradas trevosas, onde o Anjo espalha todo o seu amor, luz e compreensão. Logo após essa narrativa nos planos espirituais, Gabriel retorna ao Império do Amor Universal (é como se chama a colônia espiritual onde ele vive com sua alma gêmea, Ethel) e lá há um encontro com o Mestre dos Mestres, Jesus Cristo, que fala àquele povo a respeito do Fim dos Tempos. Não confunda Fim dos Tempos com fim de mundo. Fim dos tempos é um período de ajuste entre os espíritos que continuaram à esquerda de Cristo e espíritos da direita de Cristo. Jesus fala então a Gabriel sobre sua missão, que será encarnar (ou nascer, como preferirem) na Terra e preparar os encarnados para esse período, trazendo sempre as mensagens ensinadoras de Cristo. A proposta da encarnação de Gabriel é alertar a humanidade para a União Cristã, que seria a união de todas as religiões que seguem a linha de Cristo, especialmente a Religião Católica e a Doutrina Espírita.
Depois de se preparar e escolher os espíritos que encarnariam junto com ele para ajudá-lo nessa missão, Gabriel encarna. O livro traz histórias do Anjo quando criança, que já dizia palavras muito sábias, alertando todos ao seu redor. Gabriel cresce como coroinha da Igreja de seu bairro e desde crinça, já alertava o padre sobre as mudanças que deveriam promover. Gabriel cresce, sempre admirado por todos, ministrando palestras na casa espírita que também frequentava. O Anjo possuía a mediunidade de vidência, desde muito cedo, via e conversava com seu espírito protetor, chamado Danúbio. Nas palestras da casa espírita, Gabriel dava uma verdadeira aula doutrinária, que tocava o coração de todos e tocou também o meu, que apenas li aquelas sábias palavras. O Anjo sempre trazia alguma história para reforçar o que havia dito, exemplificando o que as suas palavras significavam. Por fim, depois de longo trabalho, Gabriel finalmente consegue unir as religiões e abrir os olhos da humanidade para Jesus Cristo, pois muitos que se diziam cristãos apenas diziam, sem realmente compreender a palavra de Jesus. Quando Gabriel desencarnou, restava apenas a Ásia para ser "convertida" (digamos assim) à União Cristã, e essa parte do mundo ficou sob a responsabilidade de Ethel, sua alma gêmea, que tinha a missão de terminar o que Gabriel começou. A missão foi concluída com êxito e ao final do livro, Jesus retorna ao Império do Amor Universal para falar a Gabriel e a todos os espíritos amigos que o ajudaram nessa missão.
O começo desse livro é meio maçante, mas ainda assim, é uma ótima leitura, pois desde o início traz ensinamentos que nos fazem refletir sobre as mais diversas situações. Mas o restante, é muito bom. Eu sempre queria ler mais e mais, com curiosidade sobre qual seria o próximo ensinamento... Que luz eu iria receber com as próximas palavras? Com certeza foi um dos melhores livros que eu li, que abriu ainda mais os meus olhos para as verdades do coração. Sugiro que tem tiver interesse, leia, pois vale a pena e ao final da leitura, você não vai se arrepender! São palavras e ensinamentos que você levará contigo pelo resto da sua existência.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Acho que isso seria Esperança
Há um mistério mal definido na luz do luar. Uma barreira invisível limitando a curiosidade incompreendida pelos atos geralmente inconscientes. A arte marginal pede para ser exporada, enquanto tudo flui numa melodia que acalma. Essa exploração ocorre de uma forma mal feita, caminhando pelos limites do talento e da sensibilidade. Pouco a pouco, o mistério se dissolve, permanecendo ainda neblinado, ocultando sua verdade.
Me neblino também, quando ouço sons tão familiares, mas que provocam uma surpresa prazerosa. Tudo depende do meu teor de vibração, das qualidades recém-aprendidas e dos três ensinamentos que compõem minha alma. Vejo mais verde de esperança a cada dia, passando pelos lugares tão conhecidos por mim e me surpreendendo com o que há de novo. Tudo um dia muda. Apesar da repetição sem fim, sei que essas palavras são verdadeiras. Muitos reclamam da falta de tempo do próprio tempo, que é um velho sábio e sabe a hora exata de aparecer. É como dizem por aí: "Aponta pra fé e rema". Mas enquanto está remando, observe as cores da água, a beleza dos corais, o horizonte à frente e até as aves que mergulham na água atrás dos pequenos peixes. Deguste da viagem, enquanto não chega ao teu sonhado destino.
É comum se deixar levar nos momentos difíceis, que todos têm. Mas a esperança é a chama curdora de qualquer dor. Esta chama tem que se manter acesa até o fim, não importa o quanto seja difícil. É o que tento fazer, sempre que me vejo fraquejar. Degusto da minha tristeza, é claro, porque afnal, aprendi que a dor tem que ser sentida. Mas logo abro os olhos e ainda no escuro, acendo a luz e tudo se clareia. Pego as peças do jogo e vou montando o quebra-cabeça aos poucos. Uma peça ali, outra aqui... Desvendo os enigmas, gero conclusões e adormeço, no que me parece uma bela noite de sono.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Hora dos Espinhos
Há algo muito estranho acontecendo e talvez eu devesse continuar cega. Platão tinha razão ao dizer que a luz machuca quando o prisioneiro sai da caverna. Sem querer, achei a saída e hoje vivo a dor de deixar a ignorância para trás e abraçar o conhecimento. Ok, eu mereci isso. E mereço uma faca enfiada na garganta por ter sido tão estúpida e ignorante, acreditando que as sombras eram reais. Quanta ilusão! E perdoe o drama, caro leitor, mas deixe-me explicar que não existe drama no que vive dentro de mim. É intensidade. Sou intensa, sinto toda e qualquer coisa numca intensidade incrível, exageradamente. Por vezes soa infantil e faz muitas pessoas o chamarem de drama, mas há pouco descobri que as situações e a forma como elas chegam até mim geram a profundidade. É mais fundo que o oceano.
Ontem eu percebi que me tornei tudo aquilo que jamais quis ser. A distância fria e calculista despertou dentro de mim a minha própria frieza. Caí, mas minha queda me impulsionou a me reerguer com uma força incrível. Eu não queria, eu queria ir me erguendo aos pouquinhos, sentindo a textura do chão, absorvendo os grãozinhos de areia e degustando minha queda. Mas foi a Lei de Newton: toda ação gera uma reação. Eu estou amarga como torta de limão, onde o açúcar é só por cima. É coisa que o orgulho faz e a solidão intensifica. E por falar em solidão, descobri que meu lugar é junto dela. A solidão é a única coisa que vou ter pelo resto da vida. As ações de outrém se confudiram na minha mente, mas agora que abri os olhos, muita coisa se clareou. Uma hora, mais cedo ou mais tarde, a gente acaba refletindo e as coisas vão se encaixando em seu devido lugar.
O olhos fecho na intensidade de uma prece, uma vibração silenciosa. Adormeço com tranquilidade, ao tempo em que minha fé me mostra os caminhos floridos que irei percorrer em breve. O caminho que se cruza com o meu, que todos os sinais estampam na minha cara: a espera vai valer a pena e um novo dia nascerá. E tudo que passo: a cegueira incontrolável, estupidez, ação e reação, frieza e intensidade; tudo é permitido porque eu tenho um Pai que sabe exatamente o que é bom para mim e por qual caminho cheio de espinhos eu devo seguir para encontrar as flores.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Selvagens À Procura de Lei
Olá, caros leitores! Hoje o post está meio diferente, depois de vários dias com a inspiração em alta, resolvi dar um tempo nos textos e indicar uma banda para vocês. Provavelmente já viram aqui, já que é uma das minhas bandas favoritas.
Selvagens À Procura de Lei é uma banda de rock de Fortaleza-CE. Foi formada em 2010 por Gabriel Aragão (guitarra e vocal), Rafael Martins (guitarra e vocal), Caio Evangelista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria). A princípio, fizeram sua fama local com blogs e shows em bares conhecidos da cidade. Em 2010 lançaram dois EPs: Talvez Eu Seja Mesmo Calado, Mas Eu Sei Exatamente O Que Eu Quero; e Suas Mentiras Modernas. Já tocaram com grandes nomes da música mundial, como Los Hermanos, The Black Eyed Peas e Os Mutantes. Em 2012 receberam muitos elogios do vocalista da Capital Inicial, Dinho Ouro Preto e foram convidados pelo próprio Dinho para tocarem juntos no Prêmio Multishow 2012.
Essa é a música mais famosa da banda, Mucambo Cafundó, com o clipe que tem trechos gravados em São Paulo e Fortaleza.
É aquele típico clipe que toda banda tem: a música tocando, com algumas cenas de alguns shows, os integrantes se divertindo e fazendo graça... Mas de alguma forma não muito clichê, é bonito.
Eu conheci os Selvagens a cerca de um ano e meio. Era domingo de manhã e eu ainda não trabalhava, então minha rotina era acordar e assistir TV. Estava passando Amigos Libertinos na MTV e eu gostei, porque tinha uma pegada meio Indie Rock, uma letra que me cativou, apesar de fazer pouco sentido para mim. Anotei o nome da música e da banda, para depois baixar. Só depois de um tempo foi que resolvi pesquisar na internet, mas eu não sabia se o nome da banda era Amigos Libertinos ou Selvagens À Procura de Lei. Amigos Libertinos fazia muito mais sentido pra mim.
Baixei então a música e me encantei. Porém, foi a única música deles que eu baixei. Já mencinoei que tenho preguiça de baixar músicas pela internet? Então, em meados de Janeiro de 2012, finalmente fui atrás do site da banda para encontrar os EPs e o 1º CD (lançado em 2011) que se chama Aprendendo a Mentir. Por algumas semanas Selvagens À Procura de Lei foi a única banda que eu conseguia ouvir. As músicas conseguiam tocar minha alma, mesmo que muitas delas não tivessem um significado muito profundo dentro de mim. Jamais vou me esquecer que foi essa banda que fez eu me reerguer quando eu levei uma queda feia. Música é uma coisa realmente divina.
O que me deixa orgulhosa é que o cenário do rock nacional vem decaíndo ao longo dos tempos... Se não for as bandas antigas e clássicas para salvarem esta cultura, poucas bandas conseguem salvar. E os Selvagens conseguem, mesmo estando de fora desse rock nacional clássico que nós conhecemos. A juventude, o bom humor e a ironia das músicas dessa banda conseguem cativar qualquer um que goste do gênero.
Em 2012 lançaram o EP Lado C com três músicas, sendo uma delas regravação de Travessia do Milton Nacimento. Ficando Velho é a baladinha quase romântica da banda, enquanto Rotina Blasé é uma crítica aos que implicam com a rotina. Esta última é a minha preferida da banda, já que a voz do Rafael Martins me encanta e a música em si conquista qualquer um.
Atualmente, estão trabalhando no novo CD, que ainda não tem nome. Nos shows que fazem por Fortaleza estão tocando muitas das músicas novas e eu fico aqui lamentando não poder ir a esses shows. Como "As velas do Mucuripe vão bater no planalto central" eles tem planos de vir tocar no Porão do Rock 2013, mas para isso precisam de fãs brasilienses, é claro, que ajudem a trazê-los para cá. Então, peço que se gostarem, ajudem a divulgar a banda. Mostrem para seus amigos e conhecidos. Esses garotos são bons demais para fazerem sua fama apenas nos circuitos de fortaleza e alguns festivais... Vamos mostrar ao Brasil que ainda existe rock de verdade e que Selvagens À Procura de Lei é líder em música boa!
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
O adeus de um jovem guerreira
Então é isso. Acabou. A história chegou ao fim. A guerra sequer começou, mas eu, querreira, deixei cair minha espada. Não vou mais lutar, nem me preparar para a batalha. Forgive-me, my Queen. I can't fight anymore. Não posso seguir o caminho que você escolheu para nós. Devo confiar nos meus olhos, temo que seja mais uma ilusão. E é. Por que seria diferente? É tudo igual, inclusive os meus passos. Me perdoe por não acreditar e não ouvir meu coração. Ele por muitas vezes esteve errado e eu não quero perder minhas forças novamente. Eu não irei à luta, vou deixar que ela venha até mim. Mas a luta deverá me impressionar, não somente me assustar. Eu devo ser derrotada, quero minha própria cabeça como troféu. Não tenho forças para mais um passo, a esperança me deixou.
O que eu era mesmo antes de ser guerreira? Qual era mesmo a sensação de pisar descalça nos campos esverdeados? Qual era a temperatura da água? Eu me recordo dos meus longos vestidos esvoaçando junto com a capa, a tiara de véu que me cobria o rosto... Havia fogo, um fogo real. Jovens garotas dançando ao redor da enorme fogueira, esvoaçando vestidos e esperando pela volta dos nobres guerreiros.
Mas acabou. Me arrancaram o véu, o fogo e a dança. Me deram a armadura e a espada. Me arrancaram do lar, me colocaram num mundo desconhecido e me puseram na batalha. Mas começo a me lembrar... Fui eu quem quis partir. Fui eu quem aceitou o título de guerreira. Eu pedi pelo título. Eu peguei a espada. Eu lutei! E sobrevivi. Mas não tenho mais forças, eu gastei todas elas em batalhas que não eram minhas. And now I give up. I'm giving in. Me perdoe, Amada Rainha. Meu caminho será de paz agora. Paz, sem o elemento essencial.
No mais, obrigada por depositar suas esperanças em mim. Nobres guerreiras honrarão sua coroa na Era que se inicia.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Adeus 2012...
Mais um ano chegou ao fim e eu me lembro como se fosse ontem do fim do ano passado. Me lembro exatamente o que estava acontecendo e o que eu estava sentindo. As mudanças que me ocorreram em 2012 não foram evidentes, exceto por talvez o cabelo mais curto do que de costume. Muita coisa mudou, eu mudei bastante. Todo o sofrimento dos primeiros 6 meses me valeram a pena. Sem eles, não seria o que sou. Não teria aprendido a ser paciente, a valorizar coisas que valem a pena, a pensar de forma diferente... Eu não teria amadurecido. Eu não me orgulho da frieza, nem da maneira como eu me adaptei ao sofrimento, mas foi a forma que meu inconsciente encontrou de lidar com as tantas coisas que acontecem. As vezes eu caio, é verdade. Todos têm seus momentos de fraqueza.
Apesar de tudo, 2012 não foi um ano ruim para mim. Eu pude buscar, experimentar e encontrar coisas que me fazem sentir verdadeiramente bem. Eu recusei convites, porque pela primeira vez, eu ouvi meu coração antes de fazer o que esperam me mim. Foi graças a recusa de um convite que eu trouxe vida para este ano. Por poucos minutos pude estar em contato com a admiração e o respeito sem iguais.
Este ano eu comecei a pensar mais no futuro que quero ter. Me tornei responsável pelos meus atos, amadureci ao correr atrás dos meus interesses. Comecei a faculdade, algo que demorei anos para decidir, mas que meu coração teve certeza que queria e hoje me sinto pertencente àqueles prédios iluminados e acolhedores, cursando o que descobri ser uma paixão: A Psicologia. Corri atrás dos meus hobbies: comprei minha tão sonhada câmera e treinei fotografia; escrevi a melhor música que um dia eu poderia escrever; investi neste blog e participei de um concurso de histórias criativas (não ganhei, mas pelo menos participei). Eu conheci músicas e artistas novos, aprendi a aproveitar o tempo, reli meus livros de Harry Potter e li mais livros intocados da minha estante. Eu perdoei, fui perdoada, amei, sofri, perdi amizades, me decepcionei e continuo viva. Pronta para o que quer que esteja vindo.
Para 2013, peço o clichê de sempre. Que meus caminhos se abram cada vez mais, que minha história de amor comece a ser finalmente contada, que eu possa retornar com ainda mais vontade ao lugar ao qual pertenço, que eu mude de emprego e me dedique ainda mais à minha faculdade. Que eu continue fotografando, escrevendo, tocando violão e escrevendo músicas... Mas que acima de tudo eu ainda seja eu mesma e que as coisas boas sobreponham as ruins, como aconteceu neste ano de 2012, neste ano à flor da pele. Que eu seja feliz! Que assim seja!
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